epifania sobre o amor

O bêbado caminhava com dificuldade pela rua, em uma das mãos levava uma garrafa de desilusão, e na outra ele carregava as frustrações, então, antes de atravessar a rua e entrar no bairro Solidão ele gritou a plenos pulmões:
   – Todos os poetas mentiram!
   Sabe-se apenas que ele desapareceu naquele bairro, nunca mais ouviram falar no bêbado.

um pouquinho sobre amor…

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“Queria que você pudesse ver a beleza
Porque jamais poderei descrever essas coisas.”
Joy Division, “Isolation”

Diariamente somos bombardeados com ideias já formadas sobre o sentimento mais complexo e irracional do qual temos conhecimento… O amor.

    Livros, filmes, séries e músicas nos apresentam uma versão bastante açucarada, dramática e por vezes um pouco exagerada a esse respeito; e a geração de hoje simplesmente devora essa ideia e anseia por mais. E qual é o resultado mais óbvio? Eu vejo relacionamentos chegando ao fim afogados em tantos dramas como se o simples fato de ter ocorrido aquela separação significasse o apocalipse. Isso é infantilidade? Não, é simplesmente influência errada.

    Volta e meia acabamos repetindo as falas de algum personagem de filme ou livro, e sem notar, por vezes acabamos vivenciando cenas que assistimos ou lemos, o que mostra que essa influência é ainda maior do que podemos imaginar.

    Falando sobre o amor fora desse conceito que engolimos, ele é bonito, é puro, é sensível, delicado…. Na realidade é frágil, deve ser segurado com cuidado, pois pode acabar trincando caso esbarremos na parede da rispidez. O amor deve ser equilibrado, não pode ficar alto demais e nem baixo demais, deve estar totalmente igual em ambos os lados; não se pode dar demais, pois se um dia chegar ao fim, o lado que se entregou mais de si acaba prejudicado.

   O amor precisa existir em condições saudáveis, pois se ele adoecer, pode causar muita dor e sofrimento. Deve ser emocional e também físico, e não apenas um ou outro, porque o platonismo pode ser reservado apenas para a filosofia, enquanto o desejo da carne, nem mesmo se compara ao amor. Ele deve ser magnânimo, precisa perdoar, e quando não houver meio deste, ele precisa saber libertar, senão acaba envenenado. O amor tem que ser lógico e ao mesmo tempo sem lógica, pois ele não precisa de um motivo para nascer, mas precisa ser motivado para que sobreviva. Você não é obrigado a saber descrevê-lo, mas deve, por obrigação, saber se ele é sincero. O amor Não precisa de dramas e ceninhas para sobreviver, ele só precisa ser bem cuidado e você vai perceber que ele por ele mesmo será único.

    Se souber cuidar do amor que sente, ele será como o trecho da música do Joy Division, logo no início dessa postagem, você precisará mostrar como ele é belo, pois jamais haverá palavras suficientes para descrevê-lo.

eu sou um problema…

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créditos na imagem...

Sou contra tudo aquilo que as pessoas sonham, não sou um cara legal, nunca vou ser o homem dos sonhos de ninguém; nem mesmo vou atender a todas as expectativas que alimentarem ao meu respeito.

Sou um cara teimoso, intenso demais, extremo demais, tudo em mim está mergulhado em exagero com uma grande tendência a aumentar, seja pra algo bom ou ruim…

Sou romântico, dou flores, escrevo cartas, amo de corpo alma e coração. Nunca temi e jamais temerei me entregar a alguém q mereça, durmo de conchinha, fico acordado ouvindo os problemas que teve durante o dia, ainda que sejam as coisas mais fúteis do mundo. Eu canto para você dormir, faço cafuné, lavo a louça do almoço e do jantar, e até cozinho se você lavar a louça junto comigo.

Mas eu sou problema, por mais qualidades que eu possa colecionar, ainda assim, eu sou problema; sou uma pessoa velha num corpo novo, sou chato, turrão, bebo – mas não fumo -, sou obstinado, quase nunca mudo de opinião, não concordo com nada que fuja ao meu modo de pensar. E pra coroar, o pior de todos os meus defeitos, eu vou te amar com tanta força, mas tanta força que quando esse amor acabar eu vou estar esgotado, bambo, provavelmente em posição fetal chupando dedo e jogado a um canto, e a única solução para me erguer novamente é surgindo um outro amor a quem novamente vou avisar que sou um problema.

Porque essa é a verdade, a única verdade ao meu respeito q vale a pena levar em consideração, eu sou problema.

P.S.: Sempre que você estiver triste eu vou fazer o máximo possível para arrancar de ti um sorriso, e aí está outro grande problema, é uma armadilha, inconsciente, mas ainda assim é uma armadilha.

caro ex, eu te amo…

mariposa

Uma ruptura acontece inicialmente em lugares
difíceis de se localizar, e sempre começam
tão pequenas que nem mesmo reparamos que
ela está lá; mas ela está. Aos poucos a
ruptura vai crescendo e logo percebemos – tarde
demais – que temos um problema. Uma vez
aberta é quase impossível fechar uma ruptura,
e tudo o que entra, e o que sai dela, é essencial e
prejudicial; mas uma vez aberta uma ruptura,
não há mais nada que se possa fazer.”

Grey’s Anatomy

Considerem esta postagem como o meu mais sincero grito de “Já basta!”, valendo-me do fato de que esta é a única maneira que tenho de falar o que sinto e penso sem ser interrompido – caramba, é muita sacanagem você nunca deixar que eu fale tudo o que preciso dizer, sem ficar me interrompendo o tempo todo! –, gostaria de usar a oportunidade para dizer algumas coisas que me estalaram a garganta durante muito tempo.

   Caro Ex, sinto a sua falta, sinto falta de passar horas a fio conversando sobre tudo, sinto falta da sua risada sincera e das suas tentativas de ser engraçado, mesmo você sendo péssimo nisso. Sinto falta de sermos um casal… Mas, mais importante que isso, eu sinto falta da pessoa que você era, pois não o reconheço mais no espelho de agora.

   Não consigo compreender as suas atitudes, sinto-me desesperado, pois você escapa de mim como se estivesse fugindo de alguém que tenta empurrar pra você um pacote promocional de celular mais internet e TV a cabo. Vê-lo fazer isso me arrasa, faz com que eu me sinta um judeu em plena Alemanha Nazista.

   A nossa vida a dois se desgastou e um de nós largou a corda (obviamente, você) enquanto o outro foi arrastado para um turbilhão de emoções violentas e indiferentes a minha sanidade mental, que às vezes parece estar prestes a escorrer pelo meu ouvido como a água jorrando de um cano quebrado. O desgaste foi tamanho que mesmo se um de nós tentasse segurar as duas pontas da corda não daria certo, pois estamos exaustos demais.

   Em nossa última conversa / discussão / DR / seja lá o que foi aquilo, você outra vez me acusou de ser um militante LGBT, curioso pois isso nada tinha a ver com a nossa última conversa / discussão / DR / seja lá o que foi aquilo; isso simplesmente por eu, em determinado momento, cobrar de você que me apresentasse a sua família como o que eu era de verdade na sua vida, seu parceiro, companheiro – me pergunto hoje se algum dia ocupei realmente uma dessas posições – ; fazer isso não o transformaria num “guerrilheiro da causa”, fazer isso me concederia uma identidade dentro da sua vida. Mas me contentei em ser apenas O Cara Que Mora Com Você.

Concordo com Jaime Lannister, as coisas que fazemos por amor…

   Será que em algum momento você percebeu que eu não sou aquela pessoa que sempre parecia segura de si? Que sou alguém inseguro, uma pessoa machucada por tantas coisas e que esperava apenas estar em segurança ao lado do homem escolhido para ser o seu campeão? Consigo recordar que em uma das nossas milhares de conversas, você me garantiu, deu sua palavra, de que seria diferente e eu assumo, nas coisas boas… Em todas elas, você foi sempre uma pessoa singular, porém, nas coisas ruins você não passou de uma xérox mal feita de cada ex que pisou no meu caminho.

   Não me entenda mal, caro Ex, eu não me isento de culpa, nunca quis causar transtornos mas esqueço de que sou um transtornado… Embora tenha deixado sempre claro que nunca seria o homem dos sonhos de ninguém, e que não era perfeito, não era um anjo, e nem nada do gênero… Eu o frustrei, você apostou todas as suas fichas em mim e perdeu, mesmo sendo avisado de que não deveria fazê-lo, você me ignorou, como sempre.

Porque não me deu atenção quando eu o preveni a andar com cautela no meu gramado?

   Sabe, eu sou carente… Do tipo carente intenso que exige muito de mim mesmo, das pessoas e da vida; enquanto você é o carente que se contenta com pouco, e por ser assim você se acostumou com miséria e fome, você teme tudo o que ofereço, pois a entrega é plena, sem reservas… As pessoas hoje em dia temem ser amadas e se contentam apenas com o amor próprio, pois elas não podem machucar ou frustrar a si mesmas, e não aceitam bem a ideia de ter outra pessoa amando cada pedacinho delas, por sentirem pavor do término, dos ferimentos, das frustrações… De ficarem em cacos.

Foi isso o que aconteceu com você…

   Gostaria de dizer, caro Ex, que as coisas poderiam melhorar, mas a verdade é que eu me jogaria de cabeça e com todas as minhas forças em uma tentativa suicida de fazer com que tudo desse certo, mas se eu o fizesse, no fim das contas, morreria.

Então…

Caro Ex, eu te amo… Mas acabou.

Um certo dia
de Verão.