último romance [postagem resgatada de 2014]

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Em algum momento de sua vida, Shakespeare, escreveu: “Amor só é amor quando não se dobra a obstáculos.“, parece quase impossível pensar em Shakespeare hoje em dia, ainda mais com todo o caos que vemos em nosso cotidiano, tanta tragédia, tanta tristeza… É tanta dor, que simplesmente faz com que eu acredite no poder imensurável desse sentimento imponente sobre o qual O Bardo fez tanta questão de escrever e nos apresentar.

Por este motivo, nesta segunda-feira, dia 17 de Novembro estou a poucas horas de um casamento… Não um casamento qualquer, mas sim o de duas pessoas que fazem com que Shakespeare se sinta no direito de se erguer do túmulo e cuspir na cara de qualquer um que tenha a coragem de dizer que o amor não existe.

Então, sobre essas duas pessoas que irão se casar, cada um deles é tão importante quanto o outro; meus avós de consideração, mas pensar nisso me entristece, por isso resolvi adotá-los e acabei recebendo o mesmo em retribuição. Se existe duas pessoas que não tem motivo nenhum para se unirem em tão sagrada e poderosa celebração são esses dois, mas como dizer isso a dois idosos meigos, carinhosos e tão apaixonados um pelo outro? Como se aproximar de ambos e dizer: “Ei, vocês dois, não se casem, vocês não combinam em nada, é um erro esse passo… Se vocês fugirem pelos fundos eu explico a situação para todos e cada um dos dois pode ser feliz separadamente!“… E é justamente nesse ponto onde mora o erro, eles não serão felizes separados… Mais de duas décadas existe como prova de que, em algum momento, ambos foram feitos um para o outro.

Em algum momento, Marcelo Camelo cantou: “Ter fé e ver coragem no amor (…)“, sempre tive fé no amor, sempre vi coragem no amor, e mesmo sendo levado a acreditar em vários momentos que o amor não existe, hoje, em poucas horas serei testemunha da expressão mais pura e sincera desse sentimento. Não é um casamento movido pelo desejo, nem pelo interesse…

É um casamento movido pela concretização do último romance.

das coisas do ontem

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É curioso a forma como a memória nos atinge e ficamos sem saber o que fazer após o golpe inicial… Amanheci com uma notificação no celular, o Google, nosso fiel escudeiro e salva vidas, me avisava que havia fotos de um ano atrás, recordações de uma vida que deixei para trás, mas faz parte de quem sou, então nunca abandonei de fato.

Tais lembranças são aquele pedacinho de você que será sempre seu, e nunca poderá ser compartilhado, por mais que conte para outra pessoa, por maior que seja a riqueza de detalhes, ainda que você consiga se lembrar de cada frase sussurrada durante a madrugada após aqueles momentos incríveis de um sexo perfeito, aquilo será apenas seu. Nesse ponto você para e se pergunta se ainda dói? Foi tão profundo a ponto de nunca mais cicatrizar? É, talvez, como um sulco feito na terra, onde ainda que mais terra seja lançada por cima, aquela estreita e profunda depresão causada pelo arado jamais irá desaparecer?

E o que você faria se descobrisse que aquela marca jamais irá desaparecer? Qual seria a sua reação mais honesta? Machuca tanto assim, olhar para trás e perceber que sua vida nunca irá te abandonar? Já parou para se questionar sobre o que sente falta daquela época? Caso responda mais que imediatamente: “Não sinto falta de nada!”, pare e repense, não sente mesmo falta de absolutamente nada? Em algum momento da sua vida você concedeu a si mesmo a chance de pensar em tudo? Não falo das dores, das mágoas, dos desamores, mas sim de tudo o que existe entre esses resíduos ruins que ficam agarrados à memória.

O que será que ficou para trás? O que você não quis ver? O que você perdeu quando quis abandonar todas as lembranças que remetiam àquela antiga dor?

Em minha ânsia por apagar você da minha mente, eu perdi fotos, lugares, risos, sensações… E hoje, revendo aquelas antigas fotos que o bendito Google salvou, eu recuperei muito do que havia perdido. Recebi de volta pessoas que partiram da minha vida, reencontrei sorrisos, o calor do sol conttra a minha pele, e a chuva gostosa contra minhas costas, reconquistei abraços, beijos, carícias e carinhos, é incrível o número e o tipo de recordações que apenas uma foto pode nos devolver. Se eu fechar os olhos, sinto o cheiro de maresia, o gosto de sal na boca, o aroma de flores no cafezal, a areia sob os meus pés, o pôr-do-sol… Tudo é tão maior hoje, tão mais poderoso, engloba muito mais coisas… Tem mais brilho.

Gosto das coisas do hoje, mas adoro abraçar as coisas do ontem, porque hoje tem mais força, forma, sabor do que quando vivi.

os jon snows da vida

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é outubro e você não sabe onde foram parar as nossas manhãs de outono. quando eu cantava “wilde world” e você dizia que a música era triste, mas não sabia enxergar bem a razão, já que era uma música que tratava da realidade. você questiona a razão pela qual eu o excluí da minha vida e diz não entender os motivos que me fazem agir assim.

jon snow, você está acostumado ao seu mundo, você nunca viu a vida de fora do seu castelinho, e apesar de ser um bastardo filho da puta, você é bonito e meigo. mas tem muito o que aprender… o dia que passamos juntos naquela segunda manhã de inverno, foi apenas um dia, um punhado de horas que talvez tivéssemos resgatado depois de milhões de outros punhados que abrimos mão.

“não sei porque você me bloqueou no whatsapp, se ia desbloquear novamente”, você diz como quem está sempre com a razão… jon, entenda, eu não queria conversar com você, e se continuasse a vê-lo online, eu pisaria em cada osso do seu corpo com a minha bota espartana (sim, ainda uso esse apelido para ela). você sabe apenas as coisas que seus olhos enxergam. você sabe apenas aquilo que seus ouvidos escutam. mas você não sabe sentir…

“alô, jon… o que você quer?”
“não sei porque você faz essas coisas…”
“…”
“está aí?”
“você não sabe de nada, jon snow!”, desligo.

serragem não é bom!

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gostaria de me sentir um pouco mais animado, acabei de postar na net um outro capítulo de uma história que estou escrevendo, estou conversando com um cara incrível, tem mais duas pessoas me gritando no whatsapp querendo a minha atenção, buscando saber mais sobre o livro que estou escrevendo (nessas horas o ego fica quentinho…), mas no fundo no fundo mesmo, nada disso tem aquele sabor de vitória, é como comer serragem e querer se alegrar a cada mastigada.

penso no ex, com quem tive uma discussão feia há uma semana, poxa vida estávamos conseguindo ser amigos e agora isso, uma centelha e uma grande explosão que atrapalhou tudo. o rapaz de longe que faz meu coração pulsar está longe demais para eu fazer um carinho e desejar boa noite pessoalmente, então aquele “boa noite amor, durma bem” via whatsapp só será visualizado amanhã porque ele dorme e nem avisa que desmaiou… e o gosto de serragem continua na boca.

fico me perguntando se o que ando fazendo vale realmente a pena, mas nunca sei a resposta, geralmente acredito que vale, noutras ocasiões acho que estou apenas perdendo o meu tempo, ao invés de dedicá-lo exclusivamente à…..? o que? droga, não sei dizer a que deveria me dedicar. talvez eu me jogue ainda mais fundo nas coisas que ando escrevendo, dizem que são boas, e eu realmente gosto de saber que alguém gosta de ler o que escrevo; mas o gosto de serragem permanece na boca

às vezes quando saio pela cidade vejo umas coisas bem legais, e faço umas fotos, edito em alguns apps e finalmente posto no instagram, compartilho no facebook, twitter, tumblr, whatsapp (pois é, novamente o meu fiel companheiro)… algumas pessoas elogiam, muitos curtem, outro dia a minha prima veio comentar que “fica estarrecida com a minha evolução” (sim, ela usou essas palavras), e é uma linda garota de 15 anos, quando penso nisso me dá uma vontade de rir e os olhos ficam marejados… onde é que foi parar a infância? e deuses, será que alguém pode, por favor, me dizer porquê estou com esse gosto de serragem na boca?

esteban está cantando que as terças podem se inverter e eu estuprando o botão do replay ouvindo há quase duas horas as mesmas palavras doloridas, tomo uma caneca enorme de café que não me dá insônia, o balãozinho de notificação aparece no canto inferior direito do monitor mostrando que o download do filme que vai me deixar acordado até às seis da manhã finalmente encerrou… e eu escrevo esta mensagem com uma vontade amarga de chorar sem saber exatamente a razão pela qual o diacho do gosto de serragem não sai da boca.

definitivamente…

eu odeio serragem!

mais uma sobre quem escreve…

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Odeio ser tocado… Pois é, está aí uma verdade estranha, considerado o fato de eu ser um ser humano extremamente carinhoso, que adora tocar as pessoas que gosta. Mas eis aí uma verdade séria ao meu respeito… ODEIO SER TOCADO.

   Existe algo entre invadir o espaço pessoal e a permissão para que adentrem este espaço, a linha entre esses dois pólos é muito fina (e para mim quase inexistente), então eu fico incomodado quando as pessoas acreditam que têm essa liberdade de chegar e me abraçar, porque gosto de estar em meu isolamento, é seguro pra mim, é bom, não preciso me preocupar com nada além de mim, e isso me faz bem? Sim, isso me faz um bem extraordinário.

   Eu sei que ninguém é uma ilha, eu sei que vivo em sociedade, eu sei que é sempre bom ter alguém ou algo a que possa se agarrar, e eu me agarro em mim, com todas as minhas forças, eu me seguro na única pessoa em quem confio que é forte o bastante para manter-se firme caso o meu eu interior vacile, esta pessoa é o meu eu exterior, e acreditem, ele segura bem as pontas.

   Bem, vivemos num país onde é costume você ser abraçado quando não está se sentindo bem… Para pessoas que não gostam de ser tocadas (como eu), isso é complicado, porque abraçar e dar tapinhas nas costas são atitudes completamente descartáveis, sério, isso não funciona comigo, não adianta, a não ser que eu tome a iniciativa e abrace ou peça um abraço, aí a coisa muda de figura. É difícil entender, eu sei, mas pensem em uma criança que detesta ser tocada, imaginem… Um pirralho de três para quatro anos, extremamente aborrecido porque as pessoas queriam pegar esta criança no colo e ficar abraçando e/ou beijando; pois é, este era eu, cresci e não mudei muito, continuo uma verdadeira inconha, e não passei a gostar mais de ser tocado.

   Não sou contra demonstrações de afeto, deuses, eu amo demonstrações de afeto, pegar na mão, abraçar, beijar, morder, cheirar, gosto de tudo isso, mas a dois, um casal pode fazer isso numa boa, quando você não está bem, e seu/sua companheirx te abraça, te coloca no colo e faz com que você se sinta protegido, acolhido… Cara isso é ótimo, é lindo, é maravilhoso… Isso é bom, e eu amo esse tipo de contato, mas se você é meu amigo, se é um parente, se é um colega, se é alguém que estudou comigo no maternal e por alguma razão estranha e inquietante se lembra de mim até os dias atuais, por favor, eu repito em  caixa alta, negrito, itálico e sublinho, POR FAVOR, aperte a minha mão, fique a um braço de distância comigo, mas não me abrace.

e aí…?

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Nos conhecemos há pouco tempo, mas sei lá, você vem fazendo parte do meu cotidiano, dormir sem o singelo “boa noite” já não é mais uma opção, passar o dia sem o digníssimo “bom dia” está fora de cogitação. E isso causa um pouquinho de medo, mas eu gostaria de lançar um desafio, e também de fazer um pedido… Não sei como vai soar, talvez seja loucura, mas não posso me apegar a essa desculpa, afinal, eu sou maluco (risos, muitos risos).

Eu tenho apenas uma pergunta, uma que se divide em tantas, mas na essência é apenas uma… Está disposto a passar a vida ao meu lado? A construir uma família? A morar comigo, dividir as contas, limpar a caixa de areia do gato, ir ao mercado fazer as compras numa sexta-feira após o trabalho? Você está disposto a lavar a louça enquanto tiro a mesa do jantar? Ou então estaria disposto a preparar o jantar e secar a louça que eu lavar?

Seria do seu interesse ser o meu parceiro de dança? Segurar minha mão nos filmes de terror? Correr na chuva ao meu lado? Dançar nu para saudar a lua? Topa bater tambor, andar de pés descalços, criar calos nas mãos de tantas palmas? Você está disposto a carregar em seu dedo o símbolo do meu amor, assim como eu estarei disposto a carregar no meu o simbolo do teu amor? Seria interessante para você se casar ao por-do-sol numa praia?

Queria saber se você está disposto a isso tudo e a muito mais… Sabe, eu não sou a melhor pessoa do mundo, sou humano, cheio de defeitos, emotivo ( choro muito, principalmente quando assisto Toy Story 3), louco por gatos, amante de árvores, adoro xadrez, música antiga, viajo na voz de diarreia da Piaf, adoro o som do piano e da agulha num disco de vinil… Sou transparente e fechado, mas me abro para você, só fico me perguntando, se você realmente aceita?

E aí?